Atitude dos pais influencia consumo de álcool pelos filhos

Ação da Comissão de Controle de Bebidas Alcoólicas registrou grande presença de adolescentes em bares com os pais

quinta, 01 de outubro de 2015 às 00h00

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Os pais ficam decepcionados quando descobrem que não conseguem evitar que o filho entre em contato precocemente com as bebidas alcoólicas. Festas e casas dos amigos são lugares propícios para que o álcool seja experimentado. Mas, o que muitos não levam em consideração é a importância das suas próprias atitudes em relação ao consumo de bebidas alcoólicas.

Esta observação foi levantada, no último sábado (5), pela Comissão Estadual de Controle de Bebidas Alcoólicas durante uma ação realizada nos bares e restaurantes de Maceió. Desta vez, foram visitados os estabelecimentos do bairro Serraria. Durante o evento, foi registrada uma grande presença de crianças e adolescentes nestes locais, acompanhando os pais que estavam consumindo álcool.

Segundo a superintendente de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), Esvalda Bittencourt, existem estudos no Brasil que apontam que a maioria dos jovens começa a consumir bebidas alcoólicas em casa, por influência dos próprios pais. 

“Nossa campanha de prevenção ao uso de álcool tem foco principal na educação, pois mesmo com uma fiscalização rígida, sem que haja uma verdadeira conscientização da população, menores continuarão ingerindo álcool”, explicou Esvalda.

“Mesmo que não estejam bebendo, só o fato de estarem presentes nestes estabelecimentos vendo seus pais beberem, os adolescentes acabam criando intimidade com a bebida alcoólica”, continuou a superintendente.

Atitude equivocada

De acordo com uma pesquisa da Unesco, quase 10% dos alunos do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio bebem álcool com frequência. A porcentagem é ainda maior entre os com idade acima dos 19 anos: 15,6%. O que impressiona é a ingestão da bebida em festas ou ocasiões especiais, quando 49,4% dos jovens consomem álcool. Foram entrevistados cerca de 50 mil alunos e 10 mil pais das cidades de Maceió, Manaus, Salvador, Fortaleza, Vitória, Goiânia, Cuiabá, Belém, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo e Brasília.

Para a psicóloga e gerente de Programas de Prevenção da Seprev, Samylla Gouveia, os pais oferecem bebidas aos filhos com a expectativa de que assim ensinarão a beber corretamente. "Os pais consideram que seria melhor que os jovens estivessem sob supervisão direta deles e apresentam a bebida, então o álcool ganha certa permissibilidade", afirma.

Segundo ela, o objetivo da família seria educar o adolescente para beber socialmente, mas na prática os pais introduzem os filhos à bebida. "A atitude mais correta é não incentivar, não estimular o consumo e não oferecer bebidas", define Samylla Gouveia.


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