Seprev reforça entrega de arma de fogo como melhor caminho para evitar tragédias

Recentemente Alagoas registrou mais um caso de tiro acidental que entra para as tristes estatísticas

quarta, 27 de janeiro de 2016 às 00h00

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“Não quero mais armas em casa. Só serviram para fazer o mal”. Essa foi a declaração da senhora Maria Bezerra, viúva de Antonio Luiz Cavalcante, de 63 anos. Ele morreu na última quarta-feira (14) com um tiro no rosto enquanto limpava uma espingarda, no Sítio Novo, zona rural do município de Arapiraca.

O idoso não tinha experiência com armas, entretanto guardava de lembrança do pai duas espingardas caseiras do tipo soca tempero. “Essas armas ficavam guardadas sem ninguém mexer. De repente, ele resolveu limpá-las”, contou Maria.

Antonio colocou as armas no fogo para facilitar a retirada da sujeira e as secou com um pano. Em seguida, soprou dentro do cano de uma delas quando a arma disparou e atingiu sua boca.

A cena foi presenciada pelo neto de 14 anos, pela filha e pela própria esposa. Antonio Luiz chegou a ser socorrido por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na Unidade de Emergência do Agreste.

A morte do idoso vai entrar para uma triste estatística que aponta um grande número de vítimas fatais por armas de fogo no país. Um estudo feito pelo Mapa da Violência divulgado em 2015 mostra que mais de 880 mil pessoas foram vítimas de algum disparo de arma de fogo no Brasil no período de 1980 a 2012.

O relatório aponta que os números poderiam ser ainda piores, não fosse a existência do Estatuto do Desarmamento – tema que está sendo debatido novamente no Congresso Nacional.

O levantamento diz, ainda, que mais de 160 mil pessoas tiveram suas vidas resguardadas graças ao controle de armas que hoje existe no país. Destas, 113.071 vidas estimadas pertencem aos jovens, notoriamente as maiores vítimas da violência no Brasil.

Para o secretário de Estado de Prevenção à Violência de Alagoas, Jardel Aderico, entregar uma arma é o melhor caminho para evitar tragédias como essa e é a atitude concreta do cidadão na construção da cultura de paz. “Diminui a possibilidade de um homicídio, literalmente salva uma vida, além de evitar que esta arma caia em mãos erradas. Boa parte das armas que estão na mão de bandidos já estiveram com pessoas de bem, seguindo todos os trâmites da lei”, disse.

“Muitas pessoas ficam com receio de entregar sua arma por falta de registro. Nosso único interesse é retirar essa arma do convívio social. Podem realizar a entrega sem medo, apenas não esqueçam de pegar a guia de trânsito antes de sair com a arma na rua”, explicou o secretário.

A Seprev faz campanhas itinerantes permanentes de entrega voluntária de armas de fogo. O ônibus da campanha está participando do projeto Governo no Verão, que nesta semana contemplou a cidade de Paripueira. Quem estiver interessado em entregar qualquer tipo de arma de fogo, pode se dirigir ao posto móvel. A indenização varia de R$ 150 a R$ 450.


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