SOCIOEDUCAÇÃO

Sistema Socioeducativo de Alagoas recebe 3ª edição do projeto Caminhos Literários

De iniciativa do CNJ, evento leva ainda mais cultura e leitura a adolescentes e jovens em cumprimento de medida

Everton Dimoni

sexta, 12 de julho de 2024 às 16h20

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Vitória Ester Costa

Texto de Everton Dimoni

Fotos de Vitória Ester Costa

Adolescentes do Sistema Socioeducativo de Alagoas participaram da terceira edição do projeto “Caminhos Literários no Socioeducativo: pelo direito à cultura”, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com o tema ‘O que pode a cultura no Sistema Socioeducativo?’, o evento visou ampliar o debate sobre o acesso à cultura e à leitura no ambiente socioeducativo, além de garantir o protagonismo e a participação dos adolescentes na programação.

Em Alagoas, a medida de proteção socioeducativa é coordenada pela Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev). A cerimônia de abertura foi realizada nesta quinta-feira (11), em ambiente virtual, com a participação do escritor Jeferson Tenório, vencedor do prêmio Jabuti de 2011 com o livro “O Avesso da Pele”; da atriz, poetisa e escritora Elisa Lucinda e do escritor Estevão Ribeiro, autores de “Rê Tinta e a revolução escolar”; e da autora maranhense Anita Machado, que falaram sobre processo criativo da escrita e sobre suas obras.

Já as atividades culturais autogestionadas aconteceram nesta sexta-feira (12), e contemplaram três unidades de internação. As adolescentes e jovens da Unidade de Internação Feminina (UIF) puderam assistir à peça teatral ‘De volta para o futuro’, com os atores Marquinho de Jesus e Marilane Miranda. Simultaneamente, os jovens das Unidades de Internação Masculina I e II (UIM I e II) receberam uma oficina de hip-hop e cultura proporcionada por um grupo alagoano.

Para o adolescente J., de 17 anos, a oficina de hip hop ajudou a enriquecer o repertório cultural e projeto de vida dos adolescentes. “Uma atividade como essa nos incentiva a participar da cultura de rima. Falando por mim, que gosto muito de escrever e rimar, foi muito interessante, principalmente por incentivar a garotada a compartilhar conhecimento e construir uma nova história, mais rica culturalmente”, comentou o adolescente.

Na mesma manhã, os jovens da Unidade de Semiliberdade de Rio Largo (UIMRL) visitaram o Centro de Cultura e Memória do Poder Judiciário de Alagoas, mergulhando na história e na cultura do Judiciário brasileiro e alagoano. A diretora do centro, Irina Costa, observa que a visita estimulou nos adolescentes a construção de uma identidade cidadã e a criação de novas perspectivas para o futuro.

“Foi uma maneira de exercitar nos adolescentes a cidadania e, quem sabe, virar a chave de destino. Explicamos tudo em uma linguagem adequada ao público juvenil para eles entenderem, por exemplo, o que é uma constituição, qual a função de um juiz, por que existem a leis, entre outras coisas. Foi um incentivo para que eles mudem o próprio destino e comecem a estudar”, afirmou Irina Costa.

Cassia Moreno, gerente de Desenvolvimento Integral da Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese) da Seprev, falou sobre a contribuição do projeto Caminhos Literários para o enriquecimento das metodologias educacionais utilizadas pelo Estado na socioeducação. “Um evento como este abre um leque pedagógico muito grande, com o qual conseguimos trabalhar a cultura de forma diversificada. São abordados vários temas, que permitem aos adolescentes ter contato com o caminho da cultura, o caminho do conhecimento e da leitura”, pontuou.

O representante do CNJ, Maurílio Sobral, ressalta que a proposta do projeto é possibilitar o acesso e a qualificação do direito à cultura dentro do território socioeducativo. “A cultura é um direito garantido constitucionalmente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela própria lei do Sinase. A proposta é tornar isso mais presente, não só no processo do Caminhos Literários, mas no desenvolvimento de um diálogo contínuo entre o Executivo e o Judiciário”, disse Maurílio Sobral.

O projeto Caminhos Literários é organizado pelo CNJ como parte das atividades do programa Fazendo Justiça, executado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para acelerar transformações no campo da privação de liberdade.

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